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A restrição do glúten tem sido cada vez mais imposta pela sociedade, mídias e diversos profissionais, mas há necessidade disso tudo? O que a nutrigenética pode nos dizer a respeito?
1) A presença de uma genética para doença celíaca (destaque aos alelos HLA DQ2/DQ8), na ausência de sintomas, indica um aumento no risco de seu desenvolvimento, mas não deve ser olhada de forma categórica em relação ao consumo ou não de trigo.
2) Se há sintomas, a exclusão é inquestionável.
3) Se não há sintomas, mas há genética favorável, o consumo deve ser apenas controlado, evitando excessos.
4) Se há alguma doença autoimune, ainda que na ausência de doença celíaca, deve-se considerar uma redução drástica - ou exclusão - no consumo de glúten.
5) Se não houver genética para doença celíaca, não há necessidade de restrições, a menos que haja outras suspeitas.
Obs: dentre as reações adversas ao glúten, além da doença celíaca, ainda existem as reações IgE-mediadas (alergias) e a sensibilidade não celíaca ao glúten. Portanto, cada caso deve ser analisado individualmente.
Na imagem, pode-se observar que este meu paciente apresentou um alelo de risco (HLA DQ8) para doença celíaca, mas sem sintomas. Inicialmente, não fizemos restrição de glúten, mas, poucos meses depois, ele foi diagnosticado com hipotiroidismo autoimune (tiroidite de Hashimoto) e a exclusão acabou sendo uma realizada.
Referências:
-J Clin Med. 2021 Jul 22;10(15):3240. doi: 10.3390/jcm10153240.
-Nutr Rev. 2021 Aug 2:nuab039. doi: 10.1093/nutrit/nuab039
-Allergy Asthma Clin Immunol. 2018 Sep 12;14(Suppl 2):56. doi: 10.1186/s13223-018-0285-2
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